Nesta entrevista especial, Viviane Mansi, nova Conselheira Caliber Brasil, Diretora de Relações Corporativas (Governo, ESG e Comunicação) da Diageo e executiva renomada nas áreas de Comunicação e ESG, fala sobre os avanços nas agendas ESG, comunicação corporativa e reputação nos últimos anos, os diferenciais do uso de indicadores de monitoramento de reputação, mercado de trabalho e desenvolvimento profissional.
Confira:
– O ano de 2024 marca sua entrada na Diageo como Diretora de Relações Corporativas e como Conselheira na Caliber Brasil. Com sua vasta experiência em comunicação, ESG e reputação, o que podemos esperar de sua atuação nesses diferentes papeis, considerando as características e desafios específicos de cada organização?
¨Eu estou num momento bem especial de carreira. Passei por muitos setores - farmacêutico, tecnologia, construção civil, automotivo, e agora estou em bebidas. Todos são setores regulados, todas foram empresas que lideravam seus setores sob alguns aspectos, e vivi fortemente a necessidade de diálogo com diferentes públicos e a importância dessa conversa para avançar nos pleitos dessas empresas, ao mesmo tempo em que havia a preocupação genuína de nos comprometermos a construir uma sociedade melhor e mais sustentável. Integrar Conselhos também me dá a oportunidade de contribuir com outras empresas do ponto de vista de negócios e de governança, o que eu gosto muito. Aliás, sem esse compromisso, a comunicação e as estratégias de ESG perdem o sentido. Eu me sinto preparada e extremamente honrada com os convites que eu tenho recebido. Entrar para o Conselho Consultivo da Caliber é especialmente empolgante, pois estamos num momento crucial para posicionar reputação como um pressuposto fundamental de competitividade para as empresas contemporâneas.¨
– Ao longo dos seus 30 anos de carreira, quais foram os principais avanços que você observou na interseção entre ESG, comunicação corporativa e reputação? Tivemos retrocessos?
¨A principal mudança que eu vejo é que esses temas passaram a integrar a agenda de negócios e fazer parte das decisões centrais das empresas. Isso acontece por muitos fatores, entre eles o amadurecimento da sociedade - que passa a cobrar mais do que produtos de qualidade, a pressão por resultados e o olhar sobre o impacto dos riscos a que uma empresa se submete. Como temos buscado menos risco em muitos aspectos, garantir comunicação, ESG e reputação passam a ser fundamentais.¨
– A tecnologia oferece um leque de ferramentas para aprimorar o monitoramento de expectativas das partes interessadas. Como os indicadores de monitoramento de reputação podem ser utilizados para identificar pontos de atenção, prevenir crises e fortalecer a reputação da empresa? E indo mais além, como eles fazem a diferença no dia a dia do seu trabalho?
¨É mais fácil implementar ações assertivas quando temos bons dados em mãos. Grande parte da conversação sobre negócios hoje se dá em ambientes digitais, o que nos permite acompanhar esses dados com mais acuracidade, e muitas vezes em tempo real. Isso nos permite tomar decisões em tempo real também, o que se traduz em economia de recursos, eficiência das nossas ações e mais efetividade de negócios.¨
– Diante das constantes mudanças no mercado de trabalho, como a reputação pode ser utilizada como uma ferramenta estratégica para atrair e reter talentos no mercado de trabalho atual?
¨Todos nós queremos estar num lugar em que nos orgulhamos de trabalhar. Por outro lado, as novas gerações – que nasceram num mundo acelerado – têm pressa. Algumas pesquisas dizem que nosso ciclo em cada empresa está diminuindo, não passando de cinco anos. Estar num lugar que cuida de sua reputação – lembrando que reputação é o “last mile”, ou seja, o que conseguimos trabalhar quando toda a organização toma decisões que equilibram suas demandas internas e as demandas da sociedade – pensamos duas vezes antes de sair. A Bruna Mascarenhas, Bell Gama e eu exploramos muito este assunto num livro que lançamos ano passado sobre Employer Branding, tema que tem crescido de forma consistente nos últimos dez anos.¨
– Em 2023, você e Cynthia Provedel lançaram o livro “Emoção & Comunicação – Reflexões para humanização das relações no trabalho”. Quais foram os principais aprendizados e insights que vocês obtiveram ao escrever o livro, e como eles podem ser aplicados para construir ambientes de trabalho mais humanizados e produtivos?
¨O mercado tem falado cada vez mais sobre saúde mental e humanização nas relações. São temas que trazem enormes desafios, e um deles é o quanto nós nos conhecemos, reconhecemos nossas emoções e usamos nosso repertório para melhorar nossas relações ou lidar com conflitos. Essa é a proposta do livro – ampliar a literatura de negócios sobre como podemos usar a comunicação na mediação dessas interações cotidianas e, com isso, criar ambientes mais proveitosos – sejam do ponto de vista da empresa, que é capaz de, no conjunto, superar seus desafios e aumentar sua produtividade, seja no âmbito pessoal, quando passamos por tudo isso e saímos fortalecidos, lidando bem com estresse, frustração e outros tantos sentimentos e emoções que nos cercam.¨
– Conselhos da Viviane: quais são suas principais dicas para profissionais que desejam se destacar em ESG e reputação?
1- Estudem – todos nós estamos aprendendo a entender o impacto de tanta coisa “junta e misturada”. 2- Mudem seus hábitos privados para depois mudar seus hábitos corporativos, para depois cobrar que as empresas também o façam.
3- Tenham coragem – não é fácil mudar hábitos arraigados.
4- Sejam resilientes – a gente muda o mundo uma conversa por vez.
Executiva nas áreas de Comunicação e ESG, acumula experiência na liderança de diversas empresas e nos mais variados setores. Já publicou mais de 20 livros, de autoria própria, como organizadora e como articulista, e recebeu o selo de TOP Voices do LinkedIn. É reconhecida como uma das autoras mais influentes em ESG no Brasil pelo estudo da LLYC (2022), além dos prêmios de melhor Comunicadora pela Mega Brasil, Aberje e Scopen.
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